sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Pastores Analgésicos



Imaginemos uma pessoa de 20 a 30 anos que, durante algum tempo, tem se alimentado sem muitos cuidados, comendo o que sente vontade, sem avaliar as conseqüências. Após certo tempo de alimentação inadequada, seu estômago começará a reclamar.

A maioria das pessoas, buscando solução rápida e negando uma atitude mais enérgica, busca pelos sais (Andrews, Eno, etc), que darão alívio à dor até a próxima refeição inadequada. Tais pessoas se esquecem que, com o tempo, os sais não terão mais o mesmo efeito, sendo necessária a utilização de analgésicos mais fortes.

O comportamento correto seria procurar um médico para que se encontre o problema e este seja tratado, contudo, as pessoas preferem amenizar a dor, pois é mais rápido e menos comprometedor.

Chega o dia em que os analgésicos não terão mais efeitos, aí, a única saída será uma endoscopia (um exame doloroso, desconfortante e caro), para identificar o problema e corrigí-lo com a medicação necessária. O sucesso do tratamento dependerá do estágio da doença e do empenho do paciente.

É claro que este comportamento está errado, mas é até aceitável se procede do paciente, afinal, as conseqüências de tal negligência serão vividas pelo próprio paciente, mas e quando a negligência parte do médico? E se o médico em vez de tratar o problema, apenas receitar analgésicos a fim de amenizar as dores?
Que grande culpa levará este médico, pois sabia o que fazer e não o fez.

Assim, comparativamente, podemos olhar para os pastores e ver que está sobre eles a responsabilidade do conhecimento da cura. É fácil declarar: Deus te dará vitória! Deus vai prosperar a sua vida! Sua família será salva! Seus filhos andarão no caminho do Senhor! Estas palavras são de Deus e bem-vindas, mas por si só não trazem a vitória.

Muitos cristãos saem de cultos verdadeiramente saltitantes e confiantes na vitória, mas muitos têm a ilusória sensação de conquista da vitória através da mágica: Deus está comigo! O Evangelho não está baseado nas emoções despertadas de um culto abençoado, mas na prática da Palavra, pois as emoções vão e vem como o nosso humor, mas a Palavra não muda e permanece sempre Fiel.

Muitos pastores preferem as pregações analgésicas, de efeito rápido e empolgante, mas duram até a pessoa chegar em casa ou até a próxima dificuldade que enfrentarem.
Há, sem dúvida, alguma necessidade de se trazer ânimo ao povo de Deus, assim como os analgésicos têm sua função, mas a cura e a vida fluirão com a cooperação humana, como podemos observar no início do ministério de Josué.
Deus começa de maneira impressionante levantando o ânimo de Josué (Js 1:2-6), Deus usa palavras do tipo: “assim como fui com Moisés serei contigo”, “ninguém poderá te resistir”, “não te desampararei”... Que bênção! Josué poderia ter pensado que a missão estava ganha, afinal, Deus deu todas as garantias. Nos versos seguintes podemos perceber que a história não era bem assim, pois Deus agora usa palavras que muitas vezes não são tão empolgantes de se ouvir como: “esforça-te”, “tenha bom ânimo”, “não te desvies”, “medita nele dia e noite”. Deus estava animando e ensinando o Caminho. O Médico dos médicos estava associando os analgésicos com os remédios para cura e também vitaminas para o fortalecimento.

Uma pregação analgésica tem tempo determinado para durar e talvez por isso, algumas pessoas já não sejam mais tocadas com tais palavras, pois assim os analgésicos perdem o seu efeito quando aplicados de maneira inadequada.

Uma pregação profunda, com as verdades bíblicas que conduz a cura, requer trabalho do pregador em estudar e se consagrar por isto. Uma endoscopia custa caro e tráz muitos desconfortos. O pastor de Deus não se intimida em pregar a verdade, mesmo que seus ouvintes sintam desconforto na mensagem, pois sabe que o problema será identificado e a cura estará a caminho.

Que desculpas podemos encontrar para um pastor que não se empenha em cumprir o seu chamado de pregar a verdade? Se tentarmos fazer isto, será o mesmo que tentarmos explicar como um médico que teve oito anos para estudar e se especializar em cuidar de doentes, não saber, após formado, como cuidar daquilo que sempre estudou!


“Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.” (Hb 13:17).

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